07 janeiro 2009

Essa é uma história de um colega nosso que veio do Pará para Manaus estudar e trabalhar... Carinhosamente o chamamos de Caié, pois foi a primeira palavra que ele disse quando bebê!
Caié=Jacaré.

Segue um trecho de um de seus "i-meius" contando um pouco de sua trajetória longe da terrinha!

Assunto: Minha Maninha Caiétina

Manazinha: Conforme minha promessa, estou mandando um i-meiu contando as novidades da minha primeira semana em Manaus, eu e a nossa manazinha Edinéia Caierina. Aqui começo a faculdade e quem sabe voltar pra terrinha formado e empresário :D. Terminamos hoje de arrumar as coisinhas no nosso novo xiqueirinho.Ficou uma gracinha, mas estou exausto. Éguaaa!! Já são dez da noite...estou pregado.

Segunda-Feira: Como não tenho emprego ainda vou pro trabalho da Caiérina ajuda ela. Cheguei na firma onde ela trabalha e já adorei. Entrei no elevador quase no mesmo instante que a mulher mais linda desse planeta. Ela é loira, tem olhos verdes e o corpo escultural parece querer arrebentar o bleizer. Lindaaaa! Ela era “o cara” depois dela, só ela mesma... Já estou apaixonado. Olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz promessa de sempre ficar parado de frente ao elevador todos os dias a essa mesma hora. Ela desceu no andar da engenharia. Conheci o pessoal do setor onde a manazinha fica, todos foram atenciosos comigo, mas sempre riam da minha cara, não sei porque, bando de bobinhos. Até o chefe dela deve ta com anemia manazinha, não para de olhar pra mim e rir. Estou maravilhado com essa cidade. Cheguei em casa e comi comida enlatada, amanhã vou na feirinha pra compra farinha e verduras pra fazer sopa.

Terça-Feira: Manazinha! Preciso contar. Sabe aquela mulher que eu falei?Ela olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador. Fiquei sem ação e baixei a cabeça. Como sou burro! Ela vai pensar que estou de pavulagem! Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um regime. Me olhei no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha indiscreta. Preciso ficar sarado pra ela me notar. Vou ficar porrudo. Fui no mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumes e chá. Resolvido! Estou de dieta.

Quarta-Feira: Acordei com dor-de-cabeça. Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso manter-me firme na dieta. Ah! O nome dela é Marcela. Ouvi uma amiga dela falando com ela no elevador, e ainda tem mais: ela desmanchou o noivado há dois meses e está sozinha. Consegui sorrir para ela, quando entrou no elevador e me cumprimentou. Estou progredindo , né? Como faço para me insinuar sem parecer tarado? Comprei uma blusa xadrez dois números menor que o meu. Será a minha meta. O pessoal diz que é roupa de dançar quadrilha. Mas quando!!

Quinta-Feira: A Marcela me cumprimentou ao entrar no elevador hoje. Seu sorriso iluminou tudo! Ela me perguntou se eu era o irmão da Caiérina que veio do Pará e eu só fiz:‘U-hum’… Ela me perguntou se eu estava gostando de Manaus e eu disse: ‘U-hum’. Aí ela perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: ‘U-hum’. Então ela perguntou se eu só sabia falar ‘U-hum’ e eu respondi: ‘Ã-hã’. Será que fui muito evasivo? Será que eu deveria ter falado um pouco mais?Ai , maninha! Estou tão apaixonado! Estou resolvido! Amanhã vou perguntar se ela não gostaria de me mostrar a cidade de Manaus no fim de semana. Quanto ao resto , bem…ando com muita enxaqueca. Acho que vou quebrar meu regime hoje. Estou fazendo uma sopa de legumes, vou encher de farinha. Espero que meu bucho aguente.

Sexta-Feira: Manazinha! Estou arruinado! Ontem à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce na sopa , além de couve, repolho e beterraba. Saí de casa que parecia um caminhão de lixo. Mas credo! como eu peidava! (nossa! Tu não imagina a minha vergonha de contar isso, mas se eu não desabafar , vou me jogar pela janela!). No ônibus , durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu soltar um futum que nem eu mesmo suportava. Teve um momento em que alguém lá de trás gritou: ‘Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do busão é muita sacanagem!’ Olha já então! Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo mundo olhava para ela, tadinha. Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor pra soltar outro. O meu maior medo era prender e sair um barulhento. Eu estava morto de vergonha. Desci na parada e parei atrás de uma moça com um bebêzinho no colo, aproveitei e soltei mais um. O senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse: ‘Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora, porque ele está estragado!’. Na entrada do prédio onde a Caiérina trabalha tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastelzinho, justo na hora em que o futum se espalhou. O sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: “Pô , dona Maria! Esse pastel tá bichado!’ (Hum tah, cheiroso!) Entrei no prédio resolvido a subir pela escada. Meu azar foi que a Marcela ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ela me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar. Já no terceiro andar ficamos sozinhos. Cheguei a me sentir aliviado, pois assim a viagem terminaria mais rápido. Pensei rápido demais, o elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram. Quase instantaneamente a iluminação de emergência acendeu. Marcela sorriu (ai , aquele sorriso…) e disse que era a bruxa da sexta-feira. Era assim mesmo, logo a luz voltaria, não precisava se preocupar. Mal sabia ela que eu estava mesmo preocupado! Manazinha, juro que tentei prender, mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar, abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar. Já se imaginou numa situação dessas? Peidar e ficar tentando respirar o peido pra que a mulher mais linda do mundo não perceba que você peidou? Ela ficou muito preocupada comigo e, se percebeu o mau cheiro, não o demonstrou. Quando achei que a catinga havia passado , voltei a respirar normal. Disse pra ela que eu era claustrofobio. Mal ela me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior. A coitadinha dessa vez ficou meio azulada, mas ainda não disse nada. Me acoquei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher que tivesse parindo. Dessa vez Marcela ficou afastada, no canto mais distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso. Ela ficou lá, no canto, impávida. Nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro, ela se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. Coitada! Ela esmurrou a porta, gritou, esperneou , e eu lá, na respiração cachorrinho. Quando a catinga diminuiu, ela se acalmou. As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ela me viu chorando, enxugou meus olhos e disse: ‘Meus olhos também estão ardendo…’ Eu juro que pensei que ela fosse dizer algo bonito. Aquilo me magoou profundamente. Pensei:’Ah, é. Então acabou a respiração cachorrinho. ..’ Depois disso, no primeiro ela cobriu o rosto com o bleizer.
No segundo, enrolou a cabeça.
No terceiro, prendeu a respiração.
No quarto, ele ficou roxinha.
No quinto, me sacudiu pelos braços e me ralhou com um berro: ‘HOMEM! PARA DE SE CAGAR!’. Depois disso ela só chorava. Chorou como um bebê até nos resgatarem, quatro horas depois. Entrei no escritório e pedi pra Caiérina pedir transferência para outro lugar , de preferência outro País. E olha que a aulas ainda nem começaram!

OBS: Apague este e-mail depois de ler , tá?
Seu manuzinho, Edinei Caié de Lima.

2 comentários:

Bruna Siqueira disse...

vcs tem q conhece-lo o caié eh o "cara"!!!kra ficou mto show, vc eh um artista, mas sei q sua ins piração eh o grande caié

Teste disse...

claro... pois ele eh um vencedor do Nobel de Tabajarisse!!! O Presto de Caverna do Dragão... O grande Caié Homi-Titi!!!!

Merecia essa grande homenagem....

breve novos episódios!!!